Eduardo
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Segunda-feira, 29 de Novembro de 2021
A deterioração cognitiva associada ao consumo de drogas

A deterioração cognitiva associada ao consumo de drogas

Existe uma deterioração cognitiva associada ao consumo de drogas? A resposta parece ser clara: sim. O consumo de drogas afeta o cérebro de uma maneira ou outra, mais cedo ou mais tarde. Além disso, isso sempre ocorre de forma negativa. Os dados mostram que a cada ano mais de 20.000 pessoas morrem prematuramente como consequência do consumo excessivo de álcool. Não podemos esquecer que o álcool também é uma droga, embora seu consumo seja normalizado. Mas, e o resto das drogas?

A cada ano, milhares de pessoas dão entrada nos hospitais por psicoses provocadas por todo tipo de drogas. A tendência é que este número aumente. Nos últimos 10 anos, o aumento do número de internações por psicoses provocadas por drogas foi de 103%. Há um bom número de pesquisas que apoiam a ideia de uma deterioração profunda associada ao consumo frequente de drogas. Além disso, existe um ponto a partir do qual o impacto deste consumo parece ser muito difícil de reverter, por mais que tal consumo seja interrompido de forma indefinida.

Por que as pessoas consomem drogas?

Não é fácil responder, na verdade seria impossível reunir todos os casos em uma única causa. É verdade que hoje existe uma autêntica preocupação social sobre a qual existe uma grande falta de conhecimento, também social. As pessoas falam das drogas repetindo tópicos e sem restringir muitas falácias e muitas afirmações sem sentido. A droga geralmente é identificada com dois fatores condicionantes: a juventude e o crime. Portanto, as informações que podemos fornecer já são tendenciosas desde o primeiro momento. O abuso de drogas cria sérios problemas de saúde, além de ser o motivador de muitos crimes e o motivo pelo qual muitas famílias acabam destruídas.

Assim, o consumo frequente e intenso de drogas provoca um impacto sobre o organismo para o qual ele não está preparado. Por outro lado, não podemos isolar estas substâncias de uso recreativo da sociedade que possibilitou a explosão do seu consumo. Além disso, em muitos casos, o ambiente social não só aparece como facilitador, como também motivador, normalizando ou desvirtuando os efeitos negativos do consumo ou intensificando os problemas dos quais a pessoa quer fugir.

Como ocorre a deterioração cognitiva associada ao consumo de drogas?

O consumo abusivo de drogas pode causar alterações morfológicas na estrutura do cérebro. Estas alterações morfológicas têm os seguintes efeitos:

  • Perda de volume cerebral;

  • Reduções da porcentagem de substância cinzenta;

  • Reduções do volume do líquido cefalorraquidiano ventricular;

  • Alargamento do espaço pericortical e de ambos os ventrículos laterais;

  • Diminuição do tamanho dos neurônios;

  • Morte neuronal;

  • Atrofia cerebral.

Da mesma forma, podem produzir efeitos prejudiciais através da reorganização metabólica dos circuitos de conectividade sináptica. Essa reorganização metabólica ocorre como consequência dos processos de tolerância, abstinência e desintoxicação. Estes processos, comuns em todos os vícios, causam adaptações bioquímicas nos sistemas de projeção da dopamina, serotonina e noradrenalina. Esses neurotransmissores interagem com os receptores de glutamato e podem bloquear os mecanismos de potencialização e depressão a longo prazo no hipocampo e no núcleo accumbens. Por último, podem provocar alterações na vascularização cerebral, vasoconstrição, hemorragia cerebral parenquimatosa e subaracnoidea e infarto cerebral isquêmico. Parece, então, que são muitas as consequências negativas do abuso de substâncias, certo?

O que dizem os estudos sobre a deterioração cognitiva associada ao consumo de drogas?

Já sabemos que a deterioração cognitiva associada ao consumo de drogas é uma realidade. Mas, como o consumo de drogas afeta o desempenho cognitivo? No que se refere à memória, as pessoas que consomem mais álcool e cannabis, e menos cocaína, apresentam um déficit maior na memória de trabalho do que na memória imediata. Quanto maior a duração do consumo, maior o impacto na memória de trabalho.

Em termos de funções executivas, os pacientes com uma duração mais longa de consumo de cannabis e álcool apresentam uma pior capacidade de interferência. Isso significa que eles mostram menos inibição para s respostas automáticas. Observa-se também que elas têm uma atenção bastante reduzida, precisando de mais tempo para realizar atividades que demandam raciocínio lógico e sequencial. No entanto, apresentam fluência verbal mais preservada no âmbito fonológico em comparação a outros tipos de consumo. Como podemos ver, o consumo de drogas provoca mudanças neuropsicológicas e neuroanatômicas. Essas mudanças, por sua vez, provocam uma neuroadaptação funcional nas funções cognitivas, motivacionais, comportamentais e emocionais que influenciam o funcionamento psicossocial diário e a qualidade de vida das pessoas dependentes de substâncias. Essas funções alteradas têm a ver com a capacidade de atenção, concentração, integração, processamento de informações e execução de planos de ação. Além disso, essas modificações atuariam como variáveis que sustentam o consumo dentro de um modelo explicativo biopsicossocial mais amplo e ideológico da dependência.

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